As árvores nos sistemas de produção – agrofloresta

Sistemas de produção agropecuária que adotam árvores na sua composição apresentam diversas vantagens, tanto para o aumento da produtividade quanto para a conservação dos recursos naturais.

As árvores são fundamentais na proteção do solo e no controle da erosão. Suas raízes profundas permitem a ciclagem de nutrientes em subsuperfície, o que culmina no aumento da fertilidade do solo. Ademais, a presença de árvores no sistema produtivo promove diversos serviços ecossistêmicos de maneira correlata a como ocorre nas florestas, como conservação da água e recarga de mananciais, manutenção do microclima, atração de polinizadores e fixação de carbono.

Na integração com a produção animal, as árvores aumentam e diversificam a oferta de forragem para o gado, e oferecem sombra, reduzindo o estresse climático e o desconforto, incrementando o ganho de peso e o desempenho reprodutivo dos animais.

iLPF da EMBRAPA, silvicultura e pecuária

Um sistema como esse, desenvolvido e popularizado pela EMBRAPA, sob a denominação Integração Lavoura Pecuária Floresta, o iLPF, tem sido utilizado para a recuperação e aumento da produtividade de extensas áreas de pastagens degradadas no cerrado brasileiro.

Nos anos iniciais da implantação do sistema, enquanto as árvores ainda não estão estabelecidas, impossibilitando a entrada do gado para pastoreio, as áreas onde haveriam herbáceas forrageiras são aproveitadas para a rotação de culturas agrícolas de ciclo curto, geralmente milho e soja, gerando fluxo de caixa logo nos primeiros anos.

“O caminho para o produtor moderno é investir na diversificação de culturas na propriedade. Com a volatilidade dos preços, a instabilidade climática e os problemas de pragas e doenças, o agricultor precisa verticalizar sua produção para não ficar refém de um produto numa safra” (João de A. Sampaio Filho).

Porém, o “pacote tecnológico” do iLPF como foi idealizado ainda não aproveita todo o potencial do componente arbóreo, uma vez que apresenta baixa densidade de indivíduos e diversidade de espécies.

A ampla adoção deste sistema foi um grande passo na mudança do paradigma produtivo, mas é preciso ir além.

Devem ser desenvolvidos desenhos mais integrados com o ecossistema original, incluindo maior quantidade e diversidade de espécies arbóreas, especialmente as nativas, tanto para produção de frutos e castanhas a médio prazo, quanto para produção madeireira a longo prazo.

Diversidade de espécies arbóreas no sistema de produção

Sistemas agrossilvipastoris têm um potencial latente inexplorado e ainda imensurável para produção de alimentos associada à conservação florestal.

Porém, inerente ao pioneirismo, ainda há diversos desafios a serem desbravados…

A oferta de assistência técnica capacitada é incipiente, pois há poucos engenheiros florestais e agrônomos no mercado com o entendimento holístico da produção agroflorestal. Além disso, devido à escassez de mão de obra qualificada, há necessidade de treinamento e capacitação de equipes de campo e trabalhadores rurais. Devido às operações agroflorestais específicas, é imprescindível o desenvolvimento de máquinas e equipamentos adaptados, o que reduzirá a elevada dependência de mão-de-obra. O momento de inclusão dos animais no sistema deve ser assertivo, para prevenir qualquer dano causado pelo rebanho às árvores em estabelecimento. Por fim, ainda é incipiente a sistematização e avaliação econômica robusta dos sistemas agrossilvipastoris.

Frente a esses desafios, o objetivo da PRETATERRA é a viabilização técnica e econômica de sistemas de produção complexos e biodiversos, uma agrofloresta que almeje replicar os processos naturais de forma dinâmica e com foco produtivo, minimizando a necessidade de alterar o ambiente através de meios químico-mecânicos, reduzindo a pegada de carbono e otimizando o balanço energético.

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Indispensáveis na agrofloresta, as espécies de serviço tem várias funções, mas uma das principais é a produção de biomassa.
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